quinta-feira, 28 de abril de 2016

Ministério da Cultura prepara Política de Estado para Música.


O Ministério da Cultura (MinC) está finalizando o ciclo de debates com especialistas sobre a Política de Estado para Música: "um conjunto de medidas que vem sendo desenvolvidas para dinamizar as cadeias produtivas do setor musical brasileiro."

A política, que será lançada na próxima semana, compreende o Programa Economia da Música e diversas mudanças trazidas para o setor a partir da nova Instrução Normativa de Direito Autoral na Internet, da nova política de fomento prevista no projeto de lei do Programa Nacional de Fomento e Incentivo à Cultura (Procultura) e da Política Nacional das Artes (PNA). “Precisamos destravar alguns gargalos estruturantes em cadeias produtivas estratégicas da música brasileira e nossa proposta está dividida em quatro eixos: financiamento; formação; pesquisa, desenvolvimento e inovação; e regulação”, destaca o diretor interino de Empreendedorismo, Gestão e Inovação da Secretaria de Políticas Culturais do MinC, Gustavo Vidigal.

Um dos gargalos, por exemplo, é a pouca diversificação de modalidades de financiamento para empreendimentos musicais, normalmente restritos a editais e recursos a fundo perdido. Por isso, Vidigal antecipou que uma das medidas do MinC, construída em conjunto com o Ministério do Trabalho e Previdência Social, é a modelagem de três linhas de crédito voltadas especificamente ao setor produtivo da música do Brasil: uma para micro e pequenas empresas, outra para o fortalecimento de cooperativas e associações do campo musical e outra para empreendedores individuais e pessoas físicas.

Na área de formação, o programa prevê, por exemplo, a capacitação de educadores das redes públicas para o ensino musical nas escolas, a qualificação de profissionais do setor através do fortalecimento do Pronatec Cultura e o fomento à produção de recursos didáticos abertos com foco em captação de recursos, licenciamento, internacionalização, comunicação e gestão de negócios e carreiras do setor.

No que tange ao campo da pesquisa, desenvolvimento e inovação, a proposta do MinC visa qualificar a mensuração econômica da música no país, a análise de mercados internacionais estratégicos e fortalecimento de instituições, ofertas de cursos e conteúdos de ensino em produção musical.

Na área da regulação estão previstas medidas para a promoção da diversidade da música brasileira em meios de comunicação, o aperfeiçoamento da legislação sobre direitos econômicos no ambiente digital e de contratos, a disponibilização de fonogramas oriundos de produções financiadas pelo MinC em players digitais e a revisão de normas trabalhistas e previdenciárias de agentes do setor.

Vidigal destaca que o Programa Economia da Música já engloba 42 ações planejadas para ocorrer entre 2016 e 2018. “O que fica muito claro é que essa envergadura de projetos requer uma estrutura específica capaz de levá-los adiante, um órgão específico, bastante demandado por diversos agentes que estão no dia a dia da produção musical”, salienta.

Diálogo - O MinC realizou toda a construção da Política de Estado para Música com base em documentos amplamente debatidos com a sociedade – como a Proposta para uma Política da Música, a Carta de Recife, a Carta GAP Pró-Música – e também em diálogos específicos com o Colegiado Setorial de Música do Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC), a Rede Música Brasil (RMB)e, nesta terça-feira (26), com um grupo de 16 especialistas do setor em oito áreas: radiodifusão; distribuição; circulação; capacitação; direitos autorais; pesquisa, desenvolvimento e inovação; financiamento; e produção.

O gerente de música do Itaú Cultural, Edson Natale, elogiou a abertura ao debate feita pelo MinC sobre uma política estruturante. “Eu acho sensacional e muito emblemático a gente estar nesse momento discutindo a cadeia da música, um planejamento, estudos, enfim. O MinC é relativamente novo para a historia do país, tem pouco mais de 30 anos. Estamos atrasados em termos de política pública para cultura porque o próprio ministério é muito jovem. Não é questão desse ou daquele governo, mas da estrutura e pensamento que o país sempre teve em relação à produção cultural”, afirmou.

O produtor musical com larga experiência em grandes eventos e gravadoras do país, Marco Mazzola, destacou a pertinência das preocupações do MinC com o ambiente digital, porém pediu mais atenção à música analógica. “É preciso pensar essas duas frentes de trabalho. Mesmo que o analógico represente hoje apenas 20% do mercado, não podemos esquecer que foi nesse ambiente onde foram gerados os contratos, é preciso regularizar a remuneração dos artistas e alertá-los sobre o que está acontecendo”, ressaltou.

A criação de linhas de crédito para a música foi alvo de muitas contribuições durante a reunião. Diversas falas saudaram a iniciativa, mas ressaltaram a importância de haver uma capacitação tanto de quem irá tomar, quanto de quem irá emprestar os recursos. Do lado das instituições financeiras que abrirão a linha de crédito, sugeriu-se que elas tenham ao menos uma agência em cada capital do país treinada para atender este público e orientá-lo. “É preciso também definição que itens que podem e quais não podem ser financiados, para haver maior otimização do dinheiro”agregou o consultor de negócios do Sebrae e especialista em empreendimentos musicais, Leonardo Salazar.

Também participaram da reunião a jornalista da Rádio Eldorado e produtora do SESC Instrumental SP, Patrícia Palumbo; o consultor da Brasil Music & Artes, entidade com contrato com a Apex para exportação de música brasileira, David McLoughin; o produtor musical e programador da Virada Cultural de São Paulo, José Mauro Gnaspini; o compositor e consultor de empreendimentos culturais da In-vento, Gilberto Monte; a consultora em diretos autorais Vanisa Santiago; a pesquisadora Mariana Valente; o professor da USP e pesquisador nas áreas de: gestão do conhecimento, aprendizagem organizacional, indústrias criativas, economia criativa e inovação, Davi Nakano; o Diretor-Presidente do Porto Digital parque tecnológico do Recife-PE, Francisco Saboya; o advogado especialista em Entretenimento, Mídia e Propriedade Intelectual Luiz Augusto Buff; o especialista em estruturação de novos fundos de investimento em Venture Capital Thiago Lobão; o programador e fundador da Cria! Cultura, Kuru Lima; e o gestor do Centro Cultural São Paulo, Pena Schmidt.

Vinicius Mansur - Assessoria de Comunicação -  Ministério da Cultura.

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