sábado, 22 de abril de 2017

UFMA e Governo do Maranhão firmam parceria para a realização do 40º Festival Guarnicê de Cinema.

O governador Flávio Dino e a reitora da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Nair Portela, estiveram reunidos na tarde da ultima segunda-feira (17) com o objetivo de definir a parceria do Governo para a realização da 40ª edição do Festival Guarnicê de Cinema. 

Pelo terceiro ano consecutivo, o Estado dará total apoio na realização do segundo maior evento coordenado por uma universidade e o quarto mais antigo do Brasil destinado ao fomento da área do audiovisual.

O Festival Guarnicê de Cinema é um dos mais tradicionais do Brasil e, em sua 40ª edição, receberá, mais uma vez, apoio do Governo do Estado. O calendário cultural e turístico da cidade de São Luís será movimentado de 2 a 10 de junho de 2017 por um grande elenco de cineastas, produtores, atores, atrizes, técnicos e um grande público estimado em mais de dez mil cinéfilos de todas as idades.

Durante a reunião, o governador Flávio Dino destacou que existe hoje, no Maranhão, “um trabalho consistente na área do audiovisual”, e citou iniciativas como o lançamento de editais e a abertura da Escola de Cinema. “Por isso celebramos mais uma vez a parceria com a UFMA para que o Festival ocorra no mês de junho. Tenho certeza que será um grande sucesso, com uma ótima programação”, enfatizou.

Além de fomentar as políticas audiovisuais, de acordo com Flávio Dino, o Guarnicê “impulsiona a economia local, estimula o turismo, a cultura, as pessoas a conhecer o Centro Histórico mais bonito do Brasil”, e é por isso que o Governo do Estado vai estar presente e apoiando financeiramente, com logística, para que o festival seja mais uma vez um grande sucesso.

De um total de quase 400 filmes inscritos na 40ª edição do Guarnicê, 37 filmes, entre curtas e longas-metragens, foram selecionados para competirem. A reitora da UFMA levou a proposta de parceria para o Governo com o objetivo de obter apoio no desenvolvimento da área audiovisual no Maranhão. “O Governo do Estado é um grande parceiro neste evento”, pontuou Nair Portela.

A reitora enfatizou ainda que a o Festival Guarnicê de Cinema é um importante evento da cultura maranhense e brasileira e, em sua 40ª edição, terá um aumento de dois dias em relação às outras edições, o que possibilitará a realização de mais oficinas, mais projeção e participação da população. “E o Governo do Estado entrou afirmando sua parceria e colaborando muito com a UFMA para a realização deste grande evento”, sublinhou Nair Portela.

O secretário de Cultura e Turismo, Diego Galdino, disse que desde o primeiro ano da atual gestão o Governo está apoiando o festival e em 2017 não será diferente. “A gente procura investir na cultura, nesse festival que é importante junto com a política do audiovisual. Estamos avançando no Governo Flávio Dino em todos os aspectos de projetos culturais. E o audiovisual é um dos que mais cresceu”, realçou.

Para Galdino, o Guarnicê vai proporcionar a visita de vários turistas e geração de emprego e renda no período que antecede o São João, “então nós apoiamos e continuaremos a apoiar no que for possível para garantir a essência do festival e que ele se perpetue por vários anos”.

Também participaram da reunião a pró-reitora de Extensão, Cultura e Empreendedorismo da UFMA, Dorlene Aquino, a diretora do Departamento de Assuntos Culturais (DAC) e coordenadora geral do Festival Guarnicê de Cinema, Fernanda Santos Pinheiro, e o diretor da Divisão de Atividades Audiovisuais, Saulo Simões da Silva.


domingo, 9 de abril de 2017

Crime e preconceito: mães e filhos de santo são expulsos de favelas por traficantes evangélicos.

A filha de santo foi expulsa do Lins porque deixou suas roupas brancas no varal
A roupa branca no varal era o único indício da religião da filha de santo, que, até 2010, morava no Morro do Amor, no Complexo do Lins. Iniciada no candomblé em 2005, ela logo soube que deveria esconder sua fé: os traficantes da favela, frequentadores de igrejas evangélicas, não toleravam a “macumba”. Terreiros, roupas brancas e adereços que denunciassem a crença já haviam sido proibidos, há pelo menos cinco anos, em todo o morro. Por isso, ela saía da favela rumo a seu terreiro, na Zona Oeste, sempre com roupas comuns. O vestido branco ia na bolsa. Um dia, por descuido, deixou a “roupa de santo” no varal. Na semana seguinte, saía da favela, expulsa pelos bandidos, para não mais voltar.
- Não dava mais para suportar as ameaças. Lá, ser do candomblé é proibido. Não existem mais terreiros e quem pratica a religião, o faz de modo clandestino - conta a filha de santo, que se mudou para a Zona Oeste.
A situação da mulher não é um ponto fora da curva: já há registros na Associação de Proteção dos Amigos e Adeptos do Culto Afro Brasileiro e Espírita de pelo menos 40 pais e mães de santo expulsos de favelas da Zona Norte pelo tráfico. Em alguns locais, como no Lins e na Serrinha, em Madureira, além do fechamento dos terreiros também foi determinada a proibição do uso de colares afro e roupas brancas. De acordo com quatro pais de santo ouvidos pelo EXTRA, que passaram pela situação, o motivo das expulsões é o mesmo: a conversão dos chefes do tráfico a denominações evangélicas.
Mãe de santo teve terreiro fechado na Pavuna pelo
Mãe de santo teve terreiro fechado na Pavuna pelo "exército de Jesus" Foto: Urbano Erbiste / Extra
Atabaques proibidos na Pavuna
A intolerância religiosa não é exclusividade de uma facção criminosa. Distante 13km do Lins e ocupada por um grupo rival, o Parque Colúmbia, na Pavuna, convive com a mesma realidade: a expulsão dos terreiros, acompanhados de perto pelo crescimento de igrejas evangélicas. Desinformada sobre as “regras locais”, uma mãe de santo tentou fundar, ali, seu terreiro. Logo, recebeu a visita do presidente da associação de moradores que a alertou: atabaques e despachos eram proibidos ali.
-Tive que sair fugida, porque tentei permanecer, só com consultas. Eles não gostaram — afirma.
A situação já é do conhecimento de pelo menos um órgão do governo: o Conselho Estadual de Direitos do Negro (Cedine), empossado pelo próprio governador. O presidente do órgão, Roberto dos Santos, admite que já foram encaminhadas denúncias ao Cedine:
- Já temos informações desse tipo. Mas a intolerância armada só pode ser vencida com a chegada do estado a esses locais, com as UPPs.
O deputado estadual Átila Nunes (PSL) fez um pedido formal, na última sexta-feira, para que a Secretaria de Segurança investigue os casos.
- Não se trata de disputa religiosa mas, sim, econômica. Líderes evangélicos não querem perder parte de seus rebanhos para outras religiões, e fazem a cabeça dos bandidos — afirma.
Nas favelas, os ‘guerreiros de Deus’
Fernando Gomes de Freitas, o Fernandinho Guarabu, chefe do tráfico no Morro do Dendê, ostenta, no antebraço direito, a tatuagem com o nome de Jesus Cristo. Pela casa, Bíblias por todos os lados. Já em seus domínios, reina o preconceito: enquanto os muros da favela foram preenchidos por dizeres bíblicos, os dez terreiros que funcionavam no local deixaram de existir.
Guarabu passou a frequentar a Assembleia de Deus Ministério Monte Sinai em 2006 e se converteu. A partir daí, quem andasse de branco pela favela era “convidado a sair”. Os pais de santo que ainda vivem no local não praticam mais a religião.
A situação se repete na Serrinha, ocupada pela mesma facção. No último dia 22, bandidos passaram a madrugada cobrindo imagens de santos nos muros da favela. Sobre a tinta fresca, agora lê-se: “Só Jesus salva”.
O babalaô Ivanir dos Santos, representante da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR), criada justamente após casos de intolerância contra religiões afro-brasileiras em 2006, afirma que os casos serão discutido pelo grupo, que vai pressionar o governo e o Ministério Público para que a segurança do locais seja garantida e os responsáveis pelo ato sejam punidos. “Essas pessoas são criminosas e devem ser punidas. Cercear a fé é crime”, diz o pai de santo.
Mãe de santo: proibida de circular na favela com as
Mãe de santo: proibida de circular na favela com as "roupas do demônio" Foto: Urbano Erbiste / Extra
Lei mais severa
Desde novembro de 2008, a Polícia Civil considera como crimes inafiançáveis invasões a templos e agressões a religiosos de qualquer credo a Lei Caó. A partir de então, passou a vigorar no sistema das delegacias do estado a Lei 7.716/89, que determina que crimes de intolerância religiosa passem a ser respondidos em Varas Criminais e não mais nos Juizados Especiais. Atualmente, o crime não prescreve e a pena vai de um a três anos de detenção.
Filha de santo, que foi expulsa do Lins: ‘Não suportava mais fingir ser o que não era’.
- Me iniciei no candomblé em 2005. A partir de minha iniciação, comecei a ter problemas com os traficantes do Complexo do Lins. Quando cheguei à favela de cabeça raspada, por conta da iniciação, eles viravam o rosto quando eu passava. Com o tempo, as demostrações de intolerância aumentaram. Quando saía da favela vestida de branco, para ir ao terreiro que frequento, eles reclamavam. Um dia, um deles veio até a minha casa e disse que eu estava proibida de circular pela favela com aquelas “roupas do demônio”. As ameaças chegaram ao ponto de proibirem que eu pendurasse as roupas brancas no varal. Se eu desrespeitasse, seria expulsa de lá. No fim de 2010, dei um basta nisso. Não suportava mais fingir ser o que eu não era e saí de lá.
Mãe de santo há 30 anos, expulsa da Pavuna: ‘Disseram que quem mandava ali era o ‘Exército de Jesus”.
- Comprei, em 2009, um terreno no Parque Colúmbia, na Pavuna. No local, não havia nada. Mas eu queria fundar um terreiro ali e comecei a construir. No início, só fazia consulta, jogava búzios e recebia pessoas. Não fazia festas nem sessões. Não andava de branco pelas ruas nem tocava atabaque, para não chamar a atenção. Um dia, o presidente da associação de moradores foi até o local e disse que o tráfico havia ordenado que eu parasse com a “macumba”. Ali, quem mandava na época era a facção de Acari. Já era mais de santo há 30 anos e não acreditei naquilo. Fui até a boca de fumo tentar argumentar. Dei de cara com vários bandidos com fuzis, que disseram que ali quem mandava era o “Exército de Jesus”. Disse que tinha acabado de comprar o terreno e que não iria incomodar ninguém. Dias depois, cheguei ao terreiro e vi uma placa escrito “Vende-se” na porta — eles tomaram o terreno e o puseram a venda. Não podia fazer nada. Vendi o terreno o mais rapidamente possível por R$ 2 mil e fui arrumar outro lugar.

sexta-feira, 7 de abril de 2017

Senador Paulo Rocha (PT-PA) apresentou o Projeto de Lei N° 69/2017 que concede Vale-cultura aos Servidores Públicos.


O senador Paulo Rocha (PT-PA) protocolou na terça-feira (28) o Projeto de Lei 69/2017, que trata de instituir o vale-cultura no valor de 50 reais mensais concedidos pela Administração Pública Federal aos servidores públicos, a fim de incentivar e viabilizar seu acesso aos produtos e serviços culturais.

Segundo o texto do PL, o benefício será destinado ao trabalhador cuja remuneração ou provento mensal for equivalente a no máximo cinco salários mínimos; com validade indeterminada, o valor será expresso em moeda corrente, preferencialmente por meio magnético. Como não tem natureza remuneratória, não se incorporará à remuneração ou provento do funcionário.

O vale-cultura dá oportunidade para que mais pessoas tenham acesso a espetáculos, shows, cinema, exposições, livros, música, instrumentos musicais e muito mais. O contato com a cultura estimula a reflexão e a compreensão da realidade, além do respeito à diversidade, o reconhecimento da identidade e a plena cidadania. Tudo isso é uma melhoria na qualidade de vida dos servidores públicos. Além disso, também fomenta o crescimento da produção cultural em todo o Brasil.

Na justificativa do projeto, Paulo Rocha coloca que há uma grande lacuna no programa, que consiste em não incluir uma parcela muito importante dos trabalhadores brasileiros: a das servidoras e dos servidores públicos. “Nada mais justo de que os servidores e servidoras de menor renda contem com esse importante instrumento para ampliar, de uma forma muito concreta e efetiva, seu acesso à cultura”.

Acesso restrito

Segundo o IBGE, uma pequena parcela da população tem acesso à cultura no País. Apenas 14% dos brasileiros vão regularmente aos cinemas, sendo que 96% não frequentam museus, 93% nunca foram a uma exposição de arte e 78% nunca assistiram a um espetáculo de dança ou uma peça teatral.

O Programa de Cultura do Trabalhador tem como instrumento essencial para sua efetivação o vale-cultura. Mesmo com o modesto valor de 50 reais, o auxílio representa um meio efetivo para conceder, aos trabalhadores de menor renda, a oportunidade de ampliar seu acesso às fontes de cultura, o que pode se concretizar pelo comparecimento a eventos e espetáculos culturais e artísticos, assim como pela visitação a estabelecimentos de natureza cultural, a exemplo de museus, e, ainda, pela aquisição de produtos tais como livros, discos, jornais e revistas.

ANTONIO JACINTO INDIO.
Assessoria de Comunicação - Senador Paulo Rocha (PT-PA). Senado Federal - Anexo II, Ala Teotonio Vilela, Gab. 08 - 70165-900 Brasília - DF - Telefone: + 55 (61) 3303- 3876 / 98150-9670 /(91) 99178- 1813.