Um assunto vem tomando conta
das rodas de arte-educadores e universitários do curso de Teatro da UFMA/2014.
O Governo do Estado do Maranhão lançou um concurso para nomeação de professores
a fim de completar seu quadro deficitário de docentes, e dentre as áreas listadas estava a disciplina
“Artes”.
Todos os graduados em Licenciatura em Teatro tiveram
uma surpresa um tanto quanto inusitada:
foram desclassificados pelos critérios dos avaliadores da Secretaria de
Educação do Estado, por não terem reconhecimento por parte do referido órgão,
de sua habilitação para lecionar Teatro
em sala de aula.
Os candidatos sentiram-se
indignados pela decisão da SEEDUC, em “zerar” suas provas, pois todos sonhavam
com essa tão almejada função, podendo promover assim o estado, tornando-o pioneiro no ensino de
teatro em todo o Brasil, haja vista que já tramita lei específica para estes
profissionais.

Pois bem, vejamos a seguir toda uma série de
questionamentos, choros, desabafos sobre tal atitude da Secretaria de Educação. Encontra-se em discussão
na Câmara Federal, o Projeto de Lei 7032/2010, do senador Roberto Saturnino do
PT, que altera os §§ 2º e 6º do art. 26 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de
1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para instituir,
como conteúdo obrigatório no ensino de Artes, a música, as artes plásticas e as
artes cênicas, com o intuito de promover o desenvolvimento cultural dos
estudantes. (veja http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/EDUCACAO-E-CULTURA/456284-EDUCACAO-APROVA-DANCA-E-TEATRO-COMO-DISCIPLINAS-OBRIGATORIAS-DO-ENSINO-BASICO.html).
Os itens são obrigatórios,
mas não exclusivos, podendo, assim, instituir outros itens no ensino de Arte. O
projeto tramita em caráter conclusivo e será analisado pela comissão de
Constituição e Justiça e de Cidadania.
À primeira vista, parece
redundante incluir cada uma das linguagens artísticas supracitadas, pois os
Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio, já afirmam a necessidade de
“contribuir para o fortalecimento da experiência sensível e inventiva dos
estudantes, e para o exercício da cidadania e da ética construtora de
identidades artísticas.
Esse fortalecimento se faz dando continuidade aos
conhecimentos de arte desenvolvidos na educação infantil e fundamental em
música, artes visuais, dança e teatro, ampliando saberes para outras
manifestações, como as artes audiovisuais.”
Entretanto, os PCN’s e a
LDB vem sendo rotineiramente desrespeitados, e os egressos dos cursos de
Licenciatura em Teatro sendo preteridos,
a exemplo do acontecido no Maranhão. Precisamos ressaltar que alguns dos
candidatos preteridos possuem experiência profissional em sala de aula
comprovada e outros até mesmo já cursando mestrado em Artes.
Por desconhecimento ou
despreparo, o que fizeram foi ignorar a existência desses profissionais e a
necessidade da sua atuação no âmbito
estadual. Essa mesma secretaria, entretanto, aceita tacitamente que professores
de disciplinas tão diversas quanto Matemática ou Geografia “completem” sua
carga horária com aulas de… ARTE!
Convém lembrar também que
o curso de Licenciatura em Teatro, foi criado
em substituição à Habilitação Artes Cênicas do curso de Licenciatura em
Educação Artística, através da Resolução n. 75-CONSUN, de 28 de setembro de
2004, tendo sua proposta Curricular
Preliminar discutida com a participação dos professores dos Departamentos
Acadêmicos envolvidos no novo curso, alunos, ex-alunos, professores de artes da
rede de ensino de São Luis, técnicos dos órgãos superiores da UFMA, técnicos
das secretarias de educação estadual e municipal.
Antes do fechamento deste
artigo, fomos informados que nas Unidades Regionais de
Imperatriz e Balsas, foram aceitas as graduações de dois licenciados em
teatro pela EAD/ UFMA. Há previsão de uma reunião entre representantes dos
candidatos, da Coordenação do Curso de
Teatro e a SEEDUC, em data ainda não divulgada.
Mas agora deixo-vos com o
* Desabafo da Recém Licenciada
Jacqueline Lemos.
Jacqueline Lemos, Professora de Teatro.
Gostaria de compartilhar
este juramento… É do CURSO DE LICENCIATURA EM TEATRO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO
MARANHÃO(UFMA). O curso, para quem não sabe, tem 10 anos de vida e nele robusteceu-se
uma classe profissional de Licenciados em teatro que vem, à duras penas, se
inserindo no contexto social e educacional de centenas de crianças maranhenses.
Desta forma, o Estado do
Maranhão, pode-se dizer, coaduna, corresponde e atende as significativas
mudanças nos quadros educacional e social dos seus pertencentes tal qual o
resto do Brasil. Para quem não sabe, corre no Senado Projeto de Lei 7032/10
determina a inserção das linguagens artístico-pedagógicas TEATRO E DANÇA nos
currículos escolares do ensino fundamental, NA DISCIPLINA ARTE. Você pode
questionar, como eu, o seguinte: Será que só agora isto vem acontecendo?
Respondo: Não. Aqui mesmo, no Maranhão, muitas escolas já contam com
professores de teatro em suas salas de aula. Muitas dessas escolas são
particulares.
As escolas particulares,
aliás, foram as primeiras a contratar professores de teatro para sua grade, e é
bom que se lembre, atendendo as tendências de formação de alto padrão que se
tem cobrado lá fora. Me pergunto e aqui dentro? E o padrão das escolas
PÚBLICAS, como fica? Agora por que me questiono sobre isso? Por que sou
professora de escola municipal pública em São Luís, cidade que saiu na frente e
lançou o primeiro Seletivo para professor de TEATRO, ocorrido no Maranhão.
Estamos em tempos, dizem,
de mudanças e alianças entre município e estado e esperávamos, portanto, que a
atitude tomada pela prefeitura de São Luís, naturalmente repetir-se-ia com o
tão aguardado Seletivo do Estado do Maranhão, de prova de títulos, cujo resultado
é frustrante para a nossa linguagem e, principalmente, um duro golpe nesta
luta.
Embora eu não tenha participado deste processo, chega-me a indignar esta
inércia de apenas observar tal absurdo: O FATO DE NENHUM PROFESSOR GRADUADO EM
TEATRO TER PONTUADO NO QUESITO “FORMAÇÃO” e mesmo aqueles que apresentaram
EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL em sala de aula não pontuarem.
Por outro ângulo: GENTE
QUE JÁ ESTÁ NO MESTRADO não pontuou no quesito GRADUAÇÃO para a vaga de
professor de ARTE do Seletivo Público do Estado. OI?! Na medida em que a
Secretaria de Educação do Estado do Maranhão se recusa a reconhecer estes
profissionais, negligenciando ou melhor: atribuindo nota 0,0 no quesito
“graduação” a todos, TODOS… TODOS!!!! os licenciados em teatro que pleitearam a
vaga deste seletivo eu me assombro em pensar no retrocesso absurdo que isto
representa.
A inexistência da
participação dos professores de teatro nos currículos das escolas do Estado do
Maranhão. Mesma classe que na gestão passada do Governo ouviu, isso eu me lembro
bem, que era uma classe desconhecida pelo referido órgão, durante um evento de
discussão da classe na UFMA. Quando o governo atual falava a princípio em
mudanças, valorização do professor e qualidade de ensino pensava ser nisso! Ou
será que só eu achei que… Enfim.
Será mudaram os rótulos e
não mudarão os hábitos. Estamos em silencio a 40 anos, também. Antes dos
“licenciados, os artistas de rua, de palco, os livre docentes, os autodidatas
já suscitavam tais necessidades que, à despeito de diploma, supriam e que vem
demandando cada vez mais profissionais, das mais variadas esferas para esta
obrigação, ou dependendo de como lide os seus governantes: missão, suplício.
Já a algum tempo, todos
estes, reunidos, discutem, proliferam e reivindicam o pertencimento da
linguagem artística e teatral dos indivíduos maranhenses. A escola, cumpre um
papel fundamental e é direito adquirido, a educação estética dos maranhenses é
tão urgente quanto a sua capacidade técnica com as outras licenciaturas, que
dirá até mais, já que por mais pedagógica que seja por seu conteúdo, será
sempre visceral no que tange suas abrangências humanas e sensoriais e no que
culmina, ao que se propõe e torço para que o Governador Flávio Dino, visualize
este video, abra para o debate o quanto antes, como tem feito, faça saber que
existimos e corrija esta “GAFE” PARA COM OS PROFESSORES DE TEATRO DO ESTADO DO
MARANHÃO.
Por fim aos amigos, os
competentes colegas de profissão que foram diretamente lesados (indiretamente
fomos todos), peço que não se calem, que não cessem, que exijam respostas, e
que não deixem de mover esforços exigindo a reparação imediata deste equivoco,
EDUCANDO TAMBÉM OS NOSSOS GESTORES, SE FOR O CASO. REUNINDO-SE COM ELES.
DIALOGANDO… LEMBRANDO-OS DE QUE EXISTIMOS E VIEMOS PARA FICAR! por que esta
vitória não será por vocês, nem por nós, mas, pelas nossas crianças e pelo
futuro da educação maranhense.
Att, Jacqueline Lemos –
Professora de Teatro
(*o Texto da Professora
Jacqueline Lemos foi gentilmente cedido a este site para fins de esclarecimentos sobre o assunto)